Arquivo mensal: abril 2012
Desculpas
Publicado por amandadelboni
Interessante como as desculpas podem ser colocadas de maneira tão especial em algum momento.
Estávamos almoçando esses dias em um restaurante muito bom, bem freqüentado e de comida excelente.
Éramos 10 mulheres comemorando o aniversário de uma amiga muito querida.
A mesa era retangular, o que já dificulta a conversa e, com isso nossos decibéis foram aumentando sem que nos déssemos conta, claro.
Mas considero isso muito natural quando somos um grupo maior e o clima é de descontração e amizade.
Estávamos alegres, cada uma contando suas realizações, rindo muito.
Aí entraram três pessoas – um casal e uma moça, que parecia ser a filha.
Sentaram-se numa mesa perto da nossa.
Notei que eles nos olhavam, pois estava de frente e mais próxima deles.
Incomodados com nosso barulho, mais do que óbvio, estávamos ali para conversar e nos divertir, eles já estavam inquietos.
Previ o que iria acontecer, e aconteceu.
Vi quando a moça começou a escrever um bilhete num guardanapo e esperei.
Levantaram-se, pois tinham pedido ao garçom que os trocassem de mesa. Pediram também que nos entregasse o bilhete. Ele se recusou.
A moça não teve dúvida.
Parou em frente a nossa mesa e entregou o bilhete a uma de nós, que nos leu o que estava escrito, dizendo que a educação manda que se coma em silêncio.
Claro ficamos surpreendidas, pois sempre tem em restaurante alguma mesa comemorando seja o que for.
Muitas vezes, se é aniversário, as mesas mais próximas até batem palmas juntos na hora do bolo.
Mas eles não. Estavam muito irritados.
Nós escrevemos um bilhete respondendo à reclamação, por que nunca se deixa alguém sem resposta, e obviamente nos desculpamos.
Danielle, uma mulher de grande vivência social e profissional, jornalista, pessoa muito educada, foi até a mesa dos reclamantes, entregou o bilhete e disse que estávamos festejando o aniversário de uma amiga, sentíamos muito pelo incomodo que havíamos causado e queríamos pedir desculpas pelo barulho.
Claro, eles ficaram com a cara no chão.
Na verdade, esse foi um pedido de desculpas especial, pois nós havíamos sido o lado ofendido, então foi, como se dizia antigamente, “ um tapa de luvas”.
Recebemos a ofensa e ainda nos desculpamos.
Como disse uma querida e inteligente amiga a quem eu relatei o fato:
“A felicidade das pessoas ás vezes incomoda”.
Foi o que aconteceu naquele dia, e me fez pensar sobre o tema “desculpas”.
Quando devemos pedi-las ou aceitá-las?
Às vezes, o orgulho fala mais alto do que a razão e se perde a oportunidade de se refazer uma relação ou uma situação.
Pedir desculpas é algo sublime, pois significa humildade mediante alguma atitude que tenhamos tido em algum momento e que pensamos termos sido injustos.
Evidentemente, tem ocasiões em que fica muito difícil desculpar a atitude ofensiva de alguém, por mais predispostos que estejamos.
Mas tudo depende do nível de ofensas que foram feitas.
O ideal é analisar com isenção de ânimo cada situação, tendo em vista, sempre, evitar alguma injustiça – na ofensa ou na defesa.
Tenho uma grande amiga que me relatou um fato onde seria impossível desculpar a pessoa que o cometeu.
Algumas amigas estavam conversando num grupo alegremente, e de repente uma delas, que já era sua conhecida antiga, começou a agredi-la verbalmente, berrando, você sabe o que penso de você? E disse ofensas incríveis.
Minha amiga, chocada, chorou e ficou sem resposta, pois no inicio, ficou até pensando tratar-se de brincadeira.
Ficou um clima tenso entre todas e, claro, a reunião acabou de maneira desastrosa do ponto de vista social e emocional.
Não há desculpa para esse tipo de atitude, pois a amiga desfiou um rosário de ofensas descabidas para o momento, que era de descontração e alegria.
E também não foi algo momentâneo.
Era algo pesado e que ela tinha como conceito arraigado contra minha amiga, apanhada de surpresa, pois nunca imaginou que a outra tivesse dela essa imagem.
Minha linha de conduta a esse respeito é a seguinte: pensar antes de dar uma resposta ou mesmo antes de expor alguma idéia – ou antes de alguma explosão. Se não ofendemos, evitamos pedir desculpas.
Desculpem se me alonguei 🙂
Bom domingo!
Amanda
As duas faces da verdade
Publicado por amandadelboni
Costumamos julgar pelas aparências, sejam físicas, emocionais ou profissionais.
E sabemos muito bem que isso nem sempre corresponde a realidade, sendo que toda verdade tem dois lados, dois aspectos diferentes, duas visões completamente diversas. Cada pessoa tem sua própria personalidade e, com isso, seu próprio raciocínio.
Comecei uma vez a escrever um livro que iria se chamar: AS DUAS FACES DA VERDADE.
Eu já havia escutado tantas vezes opiniões diferentes sobre a mesma situação, referente ás mesmas pessoas, que isso me chamou a atenção.
Passei, então, a fazer entrevistas com as duas partes: casais, pais e filhos ou filhas, patrões e empregados, e outros tipos de pares.
Claro que eu me comprometia de nunca revelar no livro os nomes reais, pois queria transcrever as entrevistas e no final pegar a opinião de um especialista para recomendar algo naquele relacionamento.
Apesar de comprovar o que já vinha observando durante minha vivência, as surpresas foram enormes.
Uma das vezes fui entrevistar um casal e escutei primeiro a esposa, que respondeu às minhas perguntas com muita simpatia e se descrevendo como uma pessoa muito ardente, muito dedicada ao casamento, ótima mãe.
Em seguida, foi a vez do marido. Eu já tinha as perguntas prontas e tentei me fixar num roteiro previsto anteriormente.
Mas não consegui, pois ele começou a se desabafar, fora de propósito, evidentemente, pois não era meu objetivo. Na verdade, eu só queria mostrar como as pessoas, muitas vezes, se vêem de uma forma e, quem convive com elas, as vêem de maneira diferente.
Mas ele se referiu à esposa de maneira tão diferente do que ela se via, que fiquei mesmo chocada, pois as diferenças eram enormes em todos os sentidos.
Tempos depois soube que se separaram, o que não me surpreendeu nem um pouco.
Também tive a oportunidade de entrevistar uma mãe e duas filhas, o que foi algo extremamente emocionante.
A mãe se via como uma mãe exemplar, tolerante, alegre, dedicada, que sempre ajudava as filhas no que precisassem.
Fui falar com as duas filhas. Foi impressionante ver a diferença de idéias, de visão que tinham da mãe – que ela era displicente em relação a elas, intolerante e chata.
Muito bem, depois de certo tempo as entrevistas me deixavam muito tristes e acabei com o projeto.
Claro que nem todas as relações são falsas, nada disso. Mas é bom ter em mente que nem sempre quem convive conosco nos vê como imaginamos que somos vistos.
Quem sabe deveríamos perguntar de vez em quando ao nosso próximo como ele nos vê? E, aí, ter coragem de receber as criticas e, se acharmos justo, tentar mudar nossos conceitos humildemente.
Grande abraço e um ótimo domingo,
Amanda
Publicado em Inteligência Social
Ingratidão
Publicado por amandadelboni
Eu acho a ingratidão um dos piores sentimentos que alguém pode ter.
Ela maltrata a nossa essência, pois quando somos ingratos com alguém, nos sentimos mal, sabemos que cometemos um ato horroroso, desleal. Mas faz parte da personalidade de algumas pessoas não reconhecer o que lhe foi dado.
E isso evidentemente não se aplica somente a ajuda financeira ou material, mas psicológica – um conselho, um ombro amigo.
Conheci uma pessoa há muitos anos. Era uma amiga que casou-se, teve dois filhos e a mãe dela, que morava em outro estado, vinha para cuidar de seus filhos, ajudar em tudo sempre que podia.
Ela tinha outros dois filhos lá e deixava tudo para vir olhar os netos dessa filha, minha conhecida.
As crianças foram crescendo e a avó já não era tão necessária na visão da filha, claro erradamente.
Então já não a convidavam para viajar junto com eles, e foram tratando de excluí-la de quase tudo.
Ela se sentia muito desprezada, e como se tornou nossa amiga querida, passei a adotá-la, ficou companheira de minha mãe, passava dias em nossa casa, e se queixava, chorando, do pouco caso que sofria da filha e do genro, e até das crianças, pois eram influenciadas pelos pais.
Muito triste, mas a história não acabou por aí. A vida sempre dá o troco mesmo.
Anos depois, a senhora faleceu e fiquei muito triste, mas consciente de que eu tinha feito para ela em vida tudo o que podia fazer para deixá-la menos infeliz. E eu disse para minha mãe que eu queria ouvir um dia da filha dela que havia se arrependido de sua atitude.
E, um dia, assim aconteceu em minha casa.
A filha havia estudado grande parte da doutrina espírita e ficou mais tolerante e tranqüila. Me falou textualmente de seu arrependimento no trato com sua mãe.
Fiquei, de certa forma, feliz, e emocionada.
Muitos nascem e crescem com um forte sentido de gratidão. Mas já fico satisfeita de ver aqueles que conseguem desenvolver esse sentimento ao longo dos anos e do próprio sofrimento.
Temos tantas formas de nos sentirmos gratos por tudo, começando pela vida que temos e, saúde, que é nosso bem maior. Nada fazemos sem ela.
O dinheiro é relativo, pois ele, isoladamente, não nos devolve a vida, a saúde, nem a felicidade.
Ele compra, naturalmente, o conforto material, e todos trabalhamos para poder dar o merecido bem-estar à nossa família e tudo que nos rodeia.
Sou muito grata pela vida que tenho e por todos os meus funcionários, que considero colaboradores. São a continuação de nossos membros – braços, pernas e até nosso cérebro, pois quantas vezes nos lembram de muitas coisas que no momento estamos deixando de lado.
Merecem gratidão também nossos amigos que em horas difíceis nos acompanham e nos fazem companhia.
Eu sempre tive ótimas experiências com amigos, nunca fui ofendida por nenhum deles, e sempre tive apoio incondicional.
Sou grata a Deus cada manhã por mais um dia com que Ele me presenteia, e faço a intenção de tentar vivê-lo o melhor que minha mente consegue alcançar.
Sou grata pela minha pequena e adorável família, onde todos são saudáveis física e mentalmente.
Nunca se deve esperar a gratidão como um pagamento, mas é triste sofrer uma ingratidão
Minha gratidão eterna a todos que me querem bem!
Grande abraço e ótimo domingo,
Amanda
Componente Crítico Constante
Publicado por amandadelboni
Fico impressionada com certas pessoas às quais nada consegue agradar ou surpreender. Já vão aos lugares para não gostar, seja em restaurantes ou em festas.
A comida não é boa, as roupas das pessoas nunca são elogiadas, e imagine se elogiam as pessoas? Nem pensar.
Para eles, tudo tem defeito, nada serve. Está tudo fora de moda ou sem sentido, frio ou quente demais.
Normalmente não acham graça em nada. Por melhor que seja, estão sempre falando mal de amigos, de parentes e de lugares.
Tenho certeza de que muitos conhecem pessoas assim: o crítico crônico, que nunca está contente porque, por sua própria personalidade, vive procurando defeitos nos outros ao invés de tentar ver algo de bom.
Outro dia uma pessoa amiga achou o bolo doce. Não doce demais. Simplesmente doce. Eu dei risada dentro de mim. Imagine se é uma sobremesa? Não poderia ser salgado.
Confesso que fico com muita pena de pessoas que se sentem dessa forma, pois nada aproveitam da vida. E sempre se tem muita coisa boa para se ver e vivenciar.
Um dos ingredientes fundamentais para desenvolver a inteligência social é curtir a vida, as pessoas, onde estamos.
Eu por exemplo, procuro ver tudo de bom em tudo e em todos. Não sofro do Complexo de Pollyanna. Sou bem realista com a vida, mas bem humorada. Vejo graça em tudo e deixo para me chatear com o que realmente merece chateação.
Digo sempre que se alguém tem alguma qualidade negativa, que todos temos, na verdade, não é problema meu. Coitada dessa pessoa que tem que conviver com isso. Eu só usufruo do que a pessoa tem de bom. É mais prático e também torna a minha vida muito melhor. Me dá menos rugas no rosto, pois dizem que sorrir mexe com muito menos músculos do que ficar zangado.
Canso de ver gente reclamando em viagem. Não adianta estar numa cidade e só conseguir ver o que ela tem que pode nos desagradar.
Quando moramos em Florianópolis, curtíamos o que a cidade tinha de bom. Não comparávamos com São Paulo. Quando tínhamos casa em Washington, adorávamos visitar os museus e monumentos. Não reclamávamos dos americanos. Pelo contrário, tínhamos muitos amigos americanos. Agora que temos casa em Miami, curtimos a latinidade da cidade e não esperamos que seja uma réplica de Washington.
Gosto de todas as cidades e de todos os paises que já visitei, onde vi coisas maravilhosas sob todos os aspectos, sem me incomodar ou procurar algo que não fosse tão bom.
Basta procurar.
Vimos uma vez na Cidade do México o ballet Lago dos Cisnes apresentado num palco armado dentro do Lago de Chapultepec, no centro da cidade. Originalíssimo, lindo, aproveitamos muito essa noite, conhecendo algo completamente diferente e que nunca havíamos visto apresentado num local assim. Só faltava eu estar lá me queixando que era ao ar livre.
Esse foi o encanto.
Sempre tem algo de bom para encontrar nas pessoas e nos lugares.
Comece a procura que vai achar!
Agora vamos curtir o domingo e não reclamar que é um dia monótono 🙂
Feliz Páscoa! Feliz Pessach!
Um abraço,
Amanda
Tratamento em Restaurantes
Publicado por amandadelboni
Recentemente, eu tive uma experiência num restaurante muito bom, elegante e da moda aqui em São Paulo.
Éramos 10 mulheres num almoço.
Todas pedimos o bacalhau que era a recomendação do dia. Quando provei a primeira garfada senti um gosto amargo, mas como é de meu principio, não reclamei, mas todas sentiram e duas falaram que iriam reclamar. Assim o fizeram.
Recolheram-se os pratos e fizemos outro pedido de saladas, etc. Ao terminarmos a refeição, o restaurante cobrou normalmente os preços que estavam previstos para o bacalhau. Claro que não foi muito elegante por parte deles, mas o fato de gritar e reclamar não iria mudar a conduta e só criar um clima de mal estar.
Pagamos e saímos, apesar de muitas ficarem literalmente furiosas. Eu nada falei, e fomos embora.
No dia seguinte, uma amiga comentou em minha casa que o filho dela tinha estado na noite anterior no mesmo restaurante e achou o bacalhau amargo, e que o garçom havia comentado que 10 mulheres no dia anterior tinham achado a mesma coisa.
Eu lhe disse: realmente eu estava lá ontem entre as 10 mulheres.
Rimos muito do fato.
Pois bem, um mês se passou e fomos com amigos no mesmo lugar, e eu nada comentei. Quando entramos, o maître ficou contente de me ver, e ele mesmo comentou o fato de um mês atrás.
Todos na mesa me perguntaram porque eu nada havia dito, e respondi:
Vocês estão gostando do que pediram? Por que eu iria falar mal e colocar vocês preventivamente contra o restaurante que é excelente? Houve uma falha naquela semana, e foi corrigida.
Todos nós pertencemos a algum núcleo de alguma sociedade em alguma forma, social, financeira ou culturalmente.
E essa convivência não se restringe somente a amigos e parentes.
Temos vários tipos de relacionamentos: com funcionários de dentro de nossas casas ou de nossas empresas, com pessoas que de alguma maneira nos servem pois nos servimos de seu trabalho.
E mesmo sendo proprietários – e chamados “patrões”, clientes ou prestadores de serviço, na verdade somos nada mais, nada menos do que dependentes uns dos outros.
Por isso se nos colocarmos no lugar de quem nos serve, fica mais fácil o trato educado e respeitoso em qualquer ambiente no qual dependemos do serviço de outras pessoas.
Não custa pedir sugestões ao garçom com educação e fazer os pedidos com gentileza e simpatia, e se a comida não vier exatamente como imaginávamos, reclamar em voz alta só cria um clima desagradável para todos. Dirigir palavras bruscas a quem está nos servindo, não vai mudar nada, a comida já veio da cozinha e naquele momento, ele nada vai poder fazer para mudar o que havia trazido.
Pessoalmente eu não reclamo. Fato é, se não está bom na primeira vez, há grande chance de estar pior na segunda. Eu simplesmente como menos e na próxima vez peço outro tipo de prato.
Mas se realmente tiver que reclamar, eu ajo como faria com um amigo que estivesse me preparando um lindo jantar – e não com estupidez. Digo que não devo ter conseguido explicar exatamente o que queria. É mais fácil e menos traumatizante para todos em volta e evita aquele clima de constrangimento que se cria toda vez que se reclama.
Quem vai a um restaurante busca momentos aprazíveis, amenos e agradáveis, e não se irritar ou se importunar com coisas que no final não tem importância.
E também não é porque o restaurante não acertou uma vez que isso vai se repetir, como presenciei recentemente. Eu sempre dou uma segunda chance a tudo e a todos.
Minha mãe sempre me ensinou: “Não se corta o pé do burro porque ele deu um coice”.
Grande abraço,
Amanda