Arquivo mensal: julho 2012
Comparações
Publicado por amandadelboni
Comparar grandezas incomparáveis muitas vezes é chover no molhado.
Claro que comparações, muitas vezes, são inevitáveis. Mas o importante entre pessoas, para se manter uma amizade sólida e saudável, é exatamente evitar a comparação entre elas.
Quantas vezes ouvimos dizer: fulano é mais simpático, mais bonito ou mais inteligente que beltrano?
Comparação completamente fora de cogitação, visto que cada um de nós já nasceu com determinadas características, tanto físicas quanto emocionais, inteligência privilegiada ou não, personalidade mais forte ou mais fraca, espírito de luta maior ou menor, e portanto com resultados completamente diferentes.
Por exemplo, quando dizemos que um amigo nos dedica mais atenção que outro, podemos estar completamente equivocados, pois não consideramos que aquele que nos dá mais atenção dispõe de mais tempo, com a vida menos difícil que o outro.
Eu tenho amigas que se dedicam, e eu adoro, mas tenho a consciência de sua disponibilidade em todos os níveis, que outras não possuem, por trabalharem fora ou pelo empenho que a família lhes exige, motivos financeiros, de saúde e outros.
Não devemos nunca cobrar a convivência sem levar em consideração todos esses aspectos.
E o mesmo pode se dizer nas comparações entre cidades ou países.
Também totalmente fora de sentido, visto que cada cidade ou cada país tem sua própria vida financeira e cultural.
Podemos preferir um ao outro, mas nunca comparar.
Temos amigos, por exemplo, que preferem viver numa cidade tranquila ou visitar pequenos lugarejos ao invés de uma metrópole, como São Paulo, Nova York ou Londres. Já outros preferem as grandes cidades, com seus problemas de trânsito, de filas para todas as atividades.
Tudo depende, naturalmente, da personalidade de cada um de nós.
Agora, se você vive numa grande cidade usufruindo de todas as variedades de programações que ela oferece, tem que assumir também as dificuldades que esse tipo de população acarreta, seja nas ruas, no trânsito pesado todo o tempo, os perigos de uma cidade grande, e tudo o mais.
Pesar as vantagens para seu tipo de personalidade é o ideal. Mas nunca comparar. A comparação é uma espécie de boicote emocional. Os elementos que entram na composição não são os mesmos para cada lado, seja pessoal, seja de cidade ou país.
Tento aproveitar onde estou — geográfica, física e emocionalmente — em cada momento de minha vida e aceitar as pessoas como são, sem comparação.
Comparar, em geral, é se aborrecer pois não se encontra tudo em todo lugar.
Como diz a peça de Pirandello: cada um a seu modo!
Bom domingo, sem comparações 🙂
Amanda
Orgulho
Publicado por amandadelboni
Orgulho é uma palavra que tem várias interpretações. Pode expressar um sentimento positivo, como também pontos negativos, quando se trata de discriminação.
Tivemos na nossa família um exemplo muito feio referente a orgulho.
Minha bisavó paterna, chamada Amanda, foi uma pessoa de muitas posses, tendo sido proprietária de fazendas, e naquela época contava com escravos a seu serviço.
Seu orgulho era desmedido. Ela se sentia enojada quando era o dia do “Beija Mão”, e se “desinfetava” do contato físico com seus escravos.
Mas no fim de sua vida, arrependeu-se de suas maldades. Pediu que quando morresse fosse carregada por cinco de seus escravos e enterrada na porta principal do cemitério para que todos a pisassem.
Essa é uma história famosa na família de meu pai, e se contava também que meu avô paterno, filho dessa senhora, adolescente na época de sua morte, nunca mais entrou no cemitério pela frente para não pisar sobre o corpo da mãe. Ele pulava o muro lateral.
Meu avô ficou adulto, casou-se e teve seus filhos, entre eles meu pai.
Como fui a primeira neta, meu avô, que era homem muito bom, pediu aos meus pais que me dessem o nome de sua mãe. A principio, minha mãe ficou apreensiva, com receio de que o nome pudesse exercer má influência sobre mim. Ele não tinha podido dar o nome de sua mãe a nenhuma de suas filhas. Minha avó não aceitava.
Mas meus pais acabaram cedendo por amor a ele.
E minha educação, em função desse fato, foi dirigida para que eu crescesse sem o mínimo orgulho e aprendesse a nunca maltratar os menos afortunados pelo destino.
Nunca me dei mal por isso.
No entanto, as irmãs de meu pai cresceram cultivando um tremendo orgulho, e mesmo com a família em grandes dificuldades financeiras, se recusavam a trabalhar. Passaram toda a sua vida lutando contra a maré, tentando sobrenadar, sem grandes resultados.
Já a família de minha mãe, que não dispunha de grandes recursos, se dedicou ao trabalho, conquistou o sucesso financeiro para uma vida estável, dando instrução aos filhos que chegaram, mudando assim o rumo de suas vidas, numa atitude digna de outro tipo de orgulho.
O orgulho “bom” vem do sentimento de realização de alguém que nos é querido, pelos seus resultados, seus feitos numa batalha, as boas notas de nossos filhos na escola ou na sua profissão já na idade adulta.
Nos orgulhamos de um amigo ou de um familiar que conquistou o sucesso naquilo que se propôs fazer, que recebeu um prêmio regional ou mundial, que foi reconhecido por uma pesquisa importante para o mundo, e outras situações cuja característica é sempre de reconhecimento de capacidade, seja em que área for.
Um filho agradecido e competente é mesmo algo de que temos que nos orgulhar.
Uma amiga querida se emocionou muito com a frase de seu jovem e eficiente filho que está vencendo na vida: “Mãe, estou dando meu sangue no trabalho pois você e meu pai trabalharam e trabalham muito para nos dar um futuro bom, e por isso quero dar o meu melhor em agradecimento a vocês”.
Isso é motivo de muito orgulho, do bom, o único que deveríamos ter.
Já pessoas orgulhosas, no mau sentido, como foi minha bisavó, que fazem pouco de quem sabe menos, de quem tem menos ou de quem realiza menos, são fracas e, na maioria, inseguras.
Precisamos reconhecer que os que não conseguiram sucesso em qualquer setor da atividade humana, muitas vezes não tiveram como reverter essa situação, pois talvez não tenham sido aquinhoados com o mesmo teor intelectual ou a mesma oportunidade e os recursos de outros. Temos que compreender e não vitimá-los ainda mais.
Conheço pessoas que, por infortúnio que pode acontecer a qualquer um de nós, perderam sua independência financeira, se dedicaram a trabalhar sem nenhum complexo, trauma ou drama, sem orgulho ou soberba. Assim, se reinventaram, obtendo novamente o sucesso merecido através da perseverança.
Isso é razão de orgulho, do bom.
Infelizmente, nesse caso, alguns amigos orgulhosos se distanciaram deles, o que não foi grande perda, pois ganharam novos amigos que demonstraram solidariedade e uma amizade sincera e não se preocupavam em avaliar somente a sua conta bancária.
Com muito orgulho, deixo aqui meus cumprimentos aos lutadores e sobreviventes a situações difíceis.
Um grande abraço e bom domingo,
Amanda
Paciência/Impaciência
Publicado por amandadelboni
A paciência é uma arte que se pode praticar.
Não é fácil, claro, pois existem situações em que fica mesmo muito difícil manter a calma.
Mas isso também se educa.
Quando se perde a paciência em alguma situação, sempre ou quase sempre, nos arrependemos, e nos perguntamos, por que não pensei antes?
Por isso, minha conduta é de tentar pensar antes de ter uma atitude impetuosa ou impaciente da qual tenha que me arrepender. Mesmo porque, às vezes, nunca mais se tem a oportunidade de reverter uma situação provocada pela nossa impaciência.
Sempre consegui praticar a paciência em situações difíceis, como por exemplo, em sociedades comerciais, onde temperamentos diferentes dos sócios nos exigem, às vezes, o que se chama uma “paciência de Jó”.
As diferenças de vivência, de costumes, de temperamento e de contexto familiar plasmam o comportamento de cada um de nós, mas ocasionalmente nossa paciência é exigida exatamente para o bom andamento dos negócios cujos sócios se demonstram tão diferentes de nós com o passar do tempo.
Como perceber e lidar com isso?
Primeiro, detectar o valor profissional dos sócios, pois sozinhos o nosso êxito seria menor.
Também é necessária boa dose de criatividade para que os negócios possam progredir e para que não deixemos o barco afundar. Temos que pensar também na necessidade financeira de cada um e não colocar tudo a perder pela falta da paciência.
E o mesmo pode ser dito para atitudes impacientes em situações sem tanta importância: a fila para pagar no supermercado, a fila de carros à sua frente no trânsito, o atraso na chegada de um email que se esperava, a vendedora que estava atendendo outra pessoa antes de nós, o manobrista que demorou cinco minutos mais para trazer o carro, o garçom que não trouxe o que havia pedido, o amigo que ficou de telefonar e ainda não chamou, e assim por diante.
Tudo é motivo de irritação para o impaciente crônico.
Os aeroportos estão cheios deles.
Nós temos uma política de chegar cedo. Prevenidos pelo possível atraso no trânsito, nos programamos, saímos com antecedência, mas pode acontecer que quando chegamos no aeroporto, haja um contratempo, atraso no vôo ou problemas técnicos que não estavam previstos.
O que podemos fazer? Absolutamente nada – mas nada com paciência é mais agradável.
E com essa atitude, lidamos melhor com a espera ou aborrecimentos cotidianos que sempre podem ocorrer em qualquer situação nas nossas vidas.
Perder a paciência em nada vai ajudar, pois a situação estabelecida não vai mudar somente porque queremos que ela mude.
E nunca, jamais, perder a paciência com quem sabe menos. Esse tipo de atitude é cruel e chega a ser uma falta de caridade com quem não teve a mesma chance de estudar.
A Oração da Serenidade reflete perfeitamente minha visão de vida: “Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras”.
A paciência pode sim, ser educada e instituída em nossa personalidade, e assim evitarmos um stress desnecessário ou uma injustiça sem retorno.
Paciência se tomei seu tempo, mas valeu a intenção.
Ótimo domingo!
Amanda
As aparências enganam
Publicado por amandadelboni
Todos temos tendência a julgar pessoas pelas aparências, o meio mais fácil e cômodo, dá menos trabalho, nos empenha poucos neurônios, pouco raciocínio.
Quando olhamos alguém, o primeiro comentário é sempre baseado nas aparências, se a pessoa é bonita, se está bem vestida, se é simpática ou antipática.
Quando na verdade, deveríamos nos preocupar, mais e em primeiro lugar, com seu conteúdo, que logo nos primeiros momentos não pode ser avaliado.
Podemos ver se a conversa está sendo boa, se temos pontos de vista que combinam, se a cultura da pessoa nos esclarece algo, se temos os mesmos pontos de vista em relação à vida, aos acontecimentos.
Às vezes nos deparamos com uma pessoa aparentemente sisuda, mas se tivermos a oportunidade de conversar, essa impressão pode mudar completamente.
E o contrário também pode acontecer. Alguém aparentemente muito sorridente, à primeira vista, pode se revelar completamente sem graça ao nos aprofundarmos.
Sempre procuro ter a boa vontade de tentar reverter a primeira impressão ruim, mas também dependemos da boa vontade da outra pessoa em nos deixar conhecê-la melhor.
Eu tive um professor na faculdade cuja fama era de pessoa muito rude para com todos os alunos, e mesmo seus poucos amigos comentavam de suas supostas grosserias.
Como ele era também diretor de uma grande multinacional onde trabalhei depois de formada, fui justamente indicada, inicialmente, para fazer um estágio em seu departamento.
Era uma pessoa muito importante, com grande mérito, grande cientista, autor de livros que eram os indicados para os alunos da faculdade e ele tinha consciência de sua capacidade.
O que tentei fazer foi trabalhar com afinco, valorizando sua sabedoria e acatando suas ordens, o que facilitou em muito meu aprendizado.
Ele nunca foi estúpido comigo, como era com muitos, mas me travava com a distância esperada.
Até que, coincidentemente, ele começou a namorar uma grande amiga minha, o que colaborou para que nos aproximássemos mais.
Com isso, ele me conheceu melhor e passou a me tratar com o mesmo respeito mas com mais carinho, demonstrando ser um homem de enorme sentido de humanidade.
Tive, então, a chance de descobrir nele uma pessoa simpática e de bons sentimentos, escondidos debaixo de uma casca aparentemente dura e difícil no trato.
Esse caso me ensinou a pensar antes de julgar alguém pela aparência.
Muitas vezes, a suposta agressividade é uma defesa de pessoa tímida, que ficando sem saber como agir, se protege, tomando atitudes agressivas.
Tento sempre ver através dessas atitudes aparentes e avaliar com cautela a essência da pessoa, antes de julgá-la.
O mesmo ocorre em relação a lugares que gostaríamos de freqüentar.
Entramos em locais lindos, bem decorados, e esperamos encontrar ali a perfeição no serviço que fomos buscar, seja restaurante, teatro, qualquer tipo de
estabelecimento.
Chegamos com uma tremenda expectativa e nos decepcionamos muitas vezes, pois o que buscávamos nada tem a ver com o que esperávamos, exatamente porque fomos influenciados pelas aparências.
Já em lugares mais simples, de repente, encontramos uma comida maravilhosa, bem feita, e apesar da aparência, nos deliciamos e saímos dali com aquela sensação de satisfação e vontade de voltar.
Tenho sempre cuidado com as aparências.
Elas não só enganam mas podem nos impedir de desfrutar de ótimas amizades.
Um abraço e ótimo domingo,
Amanda
Polêmica ou Diálogo: Eis a questão
Publicado por amandadelboni
As pessoas, em geral, confundem polêmica com diálogo, dois ramos de conversas onde opiniões divergem, seja em que ponto de vista for.
A polêmica pode ser construtiva como discussão técnica, em qualquer área da atividade humana, pois esse debate é esperado e até necessário para o esclarecimento, tanto de professores para alunos, como de conferencistas, pois só assim se definem idéias e princípios.
Muitas vezes também se aprende quando determinado assunto é polemizado para que se acendam luzes de sabedoria.
Isso na minha opinião é um diálogo, pois permite que um possa aprender com o outro sem nenhum mal estar.
Já a polêmica, isoladamente, traz sempre um ar desnecessário de duelo.
Se o diálogo é tratado com elegância e respeito, ele se torna interessante e pode evoluir para a criatividade.
O que incomoda são aquelas pessoas que sempre estão polemizando – quase por vicio – em momentos impróprios, como em reuniões sociais, que devem ser descontraídas.
Elas tem o hábito de discordar com quem quer que seja por qualquer assunto, pelo simples prazer de discutir, e gerar polêmica.
Adoram dizer: “Eu discordo”.
E ai, se você pergunta por que, elas sempre desfiam uma série de argumentos — que nem sempre são errados — mas a maneira como são colocados, choca, irrita e obriga, muitas vezes, o interlocutor a iniciar um desafio, na maioria das vezes, desagradável.
Nunca perdi minha autenticidade e expresso minha opinião em todas as situações, quando solicitada, mas sempre com a razão, nunca com a emoção.
Na verdade, um diálogo saudável é interessante e ás vezes, até mesmo construtivo, pois se formos humildes, podemos aprender com a discussão.
Mas quando se torna uma teimosia simplesmente no sentido de vencer a discussão, fica desagradável tanto para o interlocutor, quanto para os que estão por perto.
Quando minha filha era pequena, dizia sempre para ela: pode me questionar sobre qualquer coisa, mas não me desafie quando tiver platéia, porque você vai perder. Não adianta criar polêmica para vencer um argumento invencível em certas situações.
Realmente uma coisa é certa: quando se tem platéia, as coisas mudam, e quem está discutindo determinado assunto ou instituindo uma polêmica, não quer “perder” a discussão em pauta naquele momento e insiste até que o outro lado resolva desistir ou concordar por educação.
Agora, conheço gente que não permite, por exemplo, polêmica ou perguntas em suas palestras ou conferências. Isso também não está certo.
Ninguém é absoluto e infalível, e portanto, deveria escutar a idéia de quem está participando, até mesmo para esclarecer algo que o aluno ou o ouvinte não tenha entendido completamente.
Mesmo que o palestrante seja uma sumidade, ele tem que dar a oportunidade de participação do ouvinte e deve escutar as diversas opiniões, pois o fato dele conhecer bem o assunto, não quer dizer que tenha conseguido transmiti-lo com eficácia para quem desconhece o tema.
A polêmica tem dois lados, como tudo na vida: o aspecto destrutivo, quando colocado em ambiente social, por exemplo, mas também o positivo, o diálogo, que pode ajudar a transmitir conhecimento.
Tudo depende de como ela é colocada e o local onde a gente se encontra.
Vamos dialogar?
Ótimo domingo!
Amanda