Arquivo mensal: março 2012

O que é a inveja?

É difícil definir esse sentimento, e normalmente quando se sente um pouco de inveja de alguém ou de alguma situação, as pessoas tem vergonha do que estão sentindo.

Muitas vezes, negam até para si mesmas e tentam dominar o sentimento, expressando uma opinião diversa, elogiando o ser que invejam, assim se redimindo desse “pecado”.

Em muitos casos, no entanto, a inveja pode ser construtiva se o sentimento for de genuína vontade de progredir – e não destruir o próximo, mas sim imitar atitudes positivas, das quais “invejamos”, ou melhor almejamos.

O dicionário define a inveja de duas formas: 1. “Desgosto, ódio ou pesar por prosperidade ou alegria de outrem” – e dessa devemos fugir, dominar e abominar. 2. “Desejo de possuir ou gozar algum bem que outrem possui ou desfruta.”

É importante distinguir esses dois sentimentos – a inveja maldosa e destrutiva da inveja que vem da admiração pelo sucesso de alguém, que ganhou muito dinheiro ou é feliz com a família, tem o amor e carinho dos amigos ou conquistou um cargo importante no trabalho, por exemplo. Chamo isso de uma inveja construtiva, que ajuda no amadurecimento da inteligência emocional e social.

O invejoso maldoso não se questiona. Ele critica o sucesso da vitima de sua inveja e passa o tempo tentando regredi-lo a um nada. Diria, “ele é um bajulador, que se casou com a filha do patrão, por isso progrediu” ou algo parecido.

Já a inveja pura vem de um questionamento profundo, de uma vontade de querer compreender o sucesso do próximo para conquistar o seu. Este diria, “aquele senhor conquistou uma fortuna sempre com honestidade. Quero aprender com ele e seguir esse caminho”.

A inveja maldosa não é  só uma defesa mas denota insegurança. O invejoso se acha incapaz de conquistar o que o vizinho alcançou na sua vida profissional ou pessoal, com certeza com muita luta, dedicação e determinação: estudou, se sacrificou, dormiu tarde, acordou cedo, não deixou faltar nada no seu trabalho, sempre foi pontual e organizado, cumprindo horários rigorosamente. Não foi “sorte”, como muitos dizem. Nunca é.

Ninguém nasce sabendo, e na maioria das vezes, o bem sucedido se analisou, sozinho ou com ajuda de um profissional competente, e viu que como estava agindo não iria muito longe.

Tem pessoas com quem, às vezes, não nos simpatizamos– sem motivo, á primeira vista. Mas pode acreditar que, geralmente, ou a pessoa tem uma característica positiva que a gente não tem e gostaria de ter, ou ela tem alguma característica negativa com a qual a gente, de alguma maneira, se identifica e também possui – e não gosta.

O que eu tentei fazer minha vida toda foi reconhecer minhas características negativas e trabalhá-las dentro de mim, tirando o bom exemplo do outro e procurando sempre me educar, melhorar e me inspirar.

Me chame de invejosa, se quiser ☺

Bom domingo,

Amanda

Felicidade

Para mim, a felicidade começa com a cultura — no seu amplo sentido.    A cultura sempre foi o principal elemento na minha educação, desde a infância.

Com 5 anos ao lado de meu pai, sempre me ensinando algo.

Meu pai me alfabetizou aos cinco anos de idade e para ele, a felicidade consistia no prazer do conhecimento, que pode nos levar a um mundo diferente, relações diferenciadas e ao encontro com pessoas que nos complementam, e assim nos fazem felizes pelo convívio.

Foi muito gratificante desde então aprender o prazer do conhecimento.

Todos gostavam de me ver lendo livros e até jornais, e declamando uma enorme poesia, chamada: Felicidade é Coisa que Não Tem, de Judas Isgorogota.

Na época não sabia exatamente o que declamava.  Mas hoje sei e discordo.

Felicidade é coisa que tem, sim.  Que existe, e eu a vivo diariamente.  Felicidade é algo que buscamos e conquistamos a cada instante.  É um sentimento de realização de nossos desejos, de nossos anseios – mas cada pessoa com sua própria meta.

O sentimento de felicidade é muito relativo.  O que significa felicidade para um não é necessariamente motivo de felicidade para o outro.  O importante é buscar dentro de si esse motivo.

Para um mendigo, a felicidade pode ser receber um sanduíche, uma moeda. Já para o estudante, pode ser passar numa prova, e para alguém doente, retomar a saúde.

O próprio motivo da felicidade é mutável, de acordo com nosso momento e ciclo de vida.

Importante também que possamos encontrar felicidade naquilo que temos, e não passar a vida desejando o que não temos, em qualquer sentido, seja espiritual ou material — o que não nos impede de lutar pelo que queremos e que nos trará felicidade naquele momento de nossas vidas.

No ultimo ano, estava em Miami, quando comecei a ter muita dor no joelho.  Antecipamos a volta, e acabei ficando um mês no hospital e operando a coluna, uma hérnia, que era o real motivo da dor no joelho que me impossibilitava andar.

Quando finalmente consegui dar alguns poucos passos, aquilo foi para mim um  enorme motivo de felicidade.

Quer felicidade maior?  Nada mais importava naquele momento.

Toda vez que conseguimos ultrapassar alguma dificuldade, seja de que natureza for, deve ser motivo de felicidade e de comemoração.

Compete a cada um de nós decidir e lutar pelas metas que nos farão felizes e, sempre, utilizando a cultura como um dos instrumentos.

Nunca confundir cultura com erudição.

Cultura+felicidade=Inteligência social.

“É preciso ensinar aos homens que a felicidade não está onde, na sua miserável cegueira, eles a vão buscar.  Não está na força nem na riqueza, nem no poder, nem tampouco em todas essas coisas reunidas, pois todos – os fortes, os ricos, os poderosos – são escravos das circunstancias e das aparências enganosas.  A felicidade está em nós mesmos, na verdadeira liberdade, na ausência ou na conquista de temor indigno, no perfeito domínio de nós mesmos, no contentamento e a paz de uma vida tranqüila, no cumprimento do dever”.  — Alberto Montalvão – Moderna Enciclopédia de Relações Humanas e Psicologia Geral

Um abraço e bom domingo,

Amanda

Prejulgamento=preconceito

Alberto Montalvão, 1945

“Nunca deixe que pensamentos negativos ou sugestões inimigas penetrem seu espírito.
Você está acima de tudo isto. É um ser livre, forte e positivo”.

 — Alberto Montalvão-A Psicologia do Êxito, vol 5

Uma das leis da natureza é a do menor esforço.

Muitos vezes não raciocinamos por nós próprios.  Ouvimos e estabelecemos certos padrões a respeito de tudo: comportamento, beleza, inteligência e outros.

Temos que tomar muito cuidado com o “menor esforço” ao julgar uma pessoa ou situação.  Essa lei é traiçoeira quando nos deparamos com atitudes preconceituosas ou tendenciosas.

É muito mais cômodo e mais “barato” para o cérebro concordar com aquilo que já se tornou através do tempo um padrão estabelecido como verdadeiro.

A gente ainda ouve falar que mulher bonita é burra, por exemplo.  Isso fica em nossa mente, quando na verdade nem toda mulher bonita deixa de estudar, se aprimorar, desenvolver uma bela carreira.  Quantas não conhecemos?

O ser humano é influenciado através dos tempos e da nossa educação pré conceituosa a acreditar em idéias generalizadas concernentes a raças, cores, religiões, regiões geográficas, etc.

Mas precisamos nos educar para fazer o contrário: colocar a máquina cerebral e emotiva para trabalhar e prevenir e evitar o PRÉ-julgamento, acionando mecanismos para dominá-lo.

Começa com o questionamento.  Devemos estar sempre alertas para reconhecer quando um preconceito procede, se tem sentido ou se ele foi socialmente modelado, sem que tenhamos percebido.

O preconceito deve ser detectado, pois ele pode nos influenciar e prejudicar em diferentes áreas da atividade humana, principalmente nossa inteligência social.

Sofrer prejulgamento provavelmente muitos de nós já sofremos, por exemplo, no trabalho por causa de nossa cor, raça ou religião, maneira de nos vestirmos.  Ás vezes somos rotulados pela nossa aparência.  Uma pessoa jovem, bonita e bem arrumada sofre o prejulgamento  muitas vezes  pelo rótulo de que alguém com essa aparência não deve ser eficiente.  Mas na verdade, essa pode ser uma pessoa extremamente responsável, dedicada, estudiosa e eficiente.

Outro exemplo é a mulher sozinha, por opção ou por viuvez ou por separação.  Ouvimos sempre suas queixas de que são marginalizadas — muitas vezes por outras mulheres inseguras que as isolam por ciúme dos maridos ou namorados.  E do resto ouvimos, “ficou pra titia, coitada”.

Por que pré-julgar?

Felizmente, hoje, com a chegada do politicamente correto, mesmo os dicionários estão tendo que mudar conceitos e definições preconceituosas.

Mas vamos tentar ir alem do dicionário e não generalizar, não prejulgar e raciocinar, assim amadurecendo nossa inteligência social para atingir uma melhor convivência, pacífica e agradável, com tudo e com todos.

Voltamos sempre no ponto da tolerância.  Procuro sempre e constantemente combater idéias preconcebidas que ouço a vida inteira para não me deixar levar, a não ser pela minha análise imparcial.

As aparências enganam.

Bom domingo,

Amanda

Caridade

O dicionário define caridade como disposição benéfica, esmola, auxilio, amor mútuo e benevolência, entre outros termos.

Mas na verdade caridade é muito mais do que isso.  Não é somente o ato de dar algo em beneficio de alguém, materialmente falando.

É mais ainda o ato de oferecer a alguém que queremos bem, independentemente de atuação financeira, o carinho e amor, isso é caridade no sentido pleno da palavra.

Estou muito impressionada com um fato que presenciei há alguns dias.

Estávamos almoçando em um restaurante com um casal de amigos maravilhosos, conversando bastante, colocando o papo em dia, pois estávamos saudosos uns dos outros.

De repente algo estranho chamou minha atenção.

Chegou um homem de uns 49 anos, bonito, bem vestido, acompanhado de uma senhora idosa, aparentando uns 85 anos, de cabelinho branquinho, cortado curto, arrumadinha, colar, pulseira e bolsa bonita.

Sentaram-se á mesa e num silêncio que chegou a nos incomodar, escolheram os pratos. Nem uma  palavra foi dita entre eles.  Ele só se dirigiu ao garçom que tirou o pedido e veio servir a comida.

Eu  fiquei pensando se não teria sido melhor para a senhora ter ficado em casa, á vontade, vendo televisão.  Me pareceu uma tremenda falta de caridade humana do rapaz, que suponho ser seu filho.

No dia seguinte, quando jantávamos na casa de amigos, eu comentei o fato.  Um deles me argumentou que a gente não sabe o que está por trás dessa atitude, o passado de ambos, talvez a má convivência.  Concordo, mas não justificaria a atitude do rapaz.  Ninguém sai sem vontade, ainda mais para desfrutar de um elegante restaurante, onde normalmente vamos para aproveitar da culinária e do convívio alegre entre amigos e familiares.  Pensava comigo, o que será que passa na cabeça daquela senhora?

Claro, quem sou eu pra julgar uma cena que desconheço os precedentes, mas pergunto: Por que sair para almoçar com uma pessoa que você nem sequer tem o que falar?

Como muitos amigos sabem, perdi minha mãe há pouco tempo depois de uma convivência intima, próxima e muito amorosa.  Sempre a levávamos para almoçar e quando ela estava com minha filha em Washington, também saiam as duas o tempo todo, com alegria, desfrutando da companhia uma da outra.  Sempre fizemos questão de estar com ela e levá-la a todos os lugares que podíamos para que se distraísse e nos honrasse com sua companhia, carinho e sabedoria.

Claro que ela ás vezes se esquecia de algo que havia perguntado antes.  Me lembro que um dia perguntou várias vezes pela minha bolsa. Eu dizia, “está aqui mamy”.

Na terceira vez eu respondi: está aqui mãezinha, obrigada por perguntar.  Deixa do seu lado para ficar mais seguro.  Ela ficou feliz, sorridente e não perguntou mais.

Caridade, para mim, é isso – amar e dar carinho nos momentos de fragilidade, principalmente das pessoas que tanto nos amaram nessa vida.

Este é um dos meus vídeos favoritos que mostram bem o tema de hoje: