Arquivo diário: junho 3, 2012

Verdades e Mentiras

Tem pessoas que se acham donas da verdade, como se fossem infalíveis.

Não aceitam controvérsias nem opiniões contrárias às suas verdades absolutas.

Outros contam tantas vezes a mesma mentira que acabam se convencendo de que aquilo tudo é verdade.

E as mentiras piedosas?  Será que qualquer situação justifica uma mentira por mais piedosa que seja?

Por exemplo, você está fazendo compras com uma amiga e ela insiste em comprar algo que não a favorece e pede sua opinião.  Você diz a verdade?

Alguém escreve algo e lhe mostra, você diz que gostou sem ter realmente gostado daquilo?

A verdade pode ser cruel, mas, às vezes, ela tem que ser dita, seja a que preço psicológico for, principalmente quando a mentira chega a prejudicar o próximo.  Fica complicado encobrir ou ignorar.

Há momentos em que nossa consciência nos chama atenção sobre as conseqüências que uma  mentira  grave pode ocasionar e temos que assumir essa responsabilidade.

Pessoalmente, acredito que a mentira não se justifica em nenhuma hipótese.

Tentei passar sempre para a minha filha a vantagem de se falar a verdade em qualquer situação.  Por maior que fosse sua falha em alguma atitude, ela sabia que a mentira seria ainda pior, pois perderia minha confiança.  E confiança, quando perdida, é como um diamante rachado.  Não tem volta.

Mas como lidar com o mentiroso crônico?

Tivemos um amigo muito, mas muito mentiroso, mesmo.

Era médico, tinha um nível de educação muito bom, excelente aluno, mas era muito mentiroso.

Contava que seu pai tinha muitas fazendas e as visitava de avião.

A verdade era que o pai tinha uma pequena loja de secos e molhados no interior.

Quando o rádio estava ligado e começava uma música clássica, ele descrevia toda ela, o autor, o momento em que ela tinha sido composta.  E no fim, o locutor dizia outro nome e outra música completamente diferente do que ele havia falado.

E suas mentiras acabaram ficando um folclore entre os colegas que moravam numa república quando estudavam em São Paulo.

Me lembro que muito tempo depois, meu marido e eu o encontramos, e ele relatou toda a cirurgia que havia feito no coração, dias de UTI, e quando saímos de perto do casal, meu marido comentou: não se impressione, pode ser que tudo o que ele disse seja uma mentira.

Mas na verdade, essas são mentiras sem importância, chamadas inocentes, e que não prejudicam ninguém.  São, no máximo, motivo de risadas de quem já conhece a pessoa e desconsidera em geral tudo o que ela diz.

Para esse tipo de mentira não temos condições, e nem vontade, de desmentir.

Não vale a pena, na maioria das ocasiões, perder tempo desmentindo o mentiroso contumaz.  Vai se criar uma discussão estéril e ele vai continuar mentindo.

Mas se a gente quer ser levado a sério, grande parte da nossa maturidade emocional e social vem da verdade – consigo e com o próximo.

Agora, fala a verdade.  Gostou da história?

Ótimo domingo!

Amanda